quarta-feira, 16 de setembro de 2009

GEOGRAFIA - As grandes regiões brasileiras

Leitura complementar

As festas populares africanas e européias chegaram ao Brasil e se misturaram aos costumes indígenas.

De tão populares, tornaram-se tradicionais e começaram a fazer parte de nosso folclore.

Carnaval

Sua origem vem das festas de início da primavera no Egito antigo, dizem alguns especialistas. Outros dizem que o carnaval surgiu a partir das festas greco-romanas realizadas para comemorar a colheita.

Nessas ocasiões os escravos podiam brincar à vontade. O certo é que o costume chegou a Portugal no século XIV e recebeu o nome de entrudo. Trazido para o Brasil no século XVII, o entrudo sofreu influência dos carnavais de países europeus, como a Itália e a França.

O samba é o principal ritmo do carnaval e já era praticado nas senzalas, no tempo dos escravos.

O carnaval atual dos desfiles de escolas de samba muito comuns no Rio de Janeiro e São Paulo espalhou-se por outras cidades. Porém, o carnaval de rua, em que todos podem participar ainda permanece no Nordeste, principalmente em Recife e Olinda, onde merece destaque o frevo e o maracatu.

O frevo nasceu acompanhando a alegria do carnaval. A palavra frevo se originou do verbo ferver. Cantava-se:
“Eu frevo, tu freves, ele freve...
Freva o samba, minha gente!”

Também famoso é o carnaval de rua em Salvador, com seus blocos e trios elétricos, além do afoxé que é uma dança-cortejo ligada ao candomblé (filhos de Gandhi).

Festas juninas

Presentes em todo o país, elas acontecem no mês de junho e homenageiam três santos. O primeiro é Santo Antônio, no dia 13; São João é comemorado no dia 24; e no dia 29 é a vez de São Pedro.

Com muita música, dança, fogueira e comidas típicas, como canjica, pé-de-moleque, bandeirinhas e balões.

No sul do país, encontramos uma linda dança nos festejos juninos, o pau-de-fita.

Festas do Divino

Da Quaresma até o Pentecostes são comuns as festas tradicionais religiosas.

A folia do Divino ou Divino é uma festa de origem portuguesa e foi criada pela rainha Isabel, em Portugal.

As Festas do Divino mais famosas acontecem em Alcântara (MA), Pirenópolis (GO), Parati (RJ), São Luís do Paraitinga, Mogi das Cruzes
e Tietê (SP).

Festa do Rosário e de São Benedito

São celebrações que acontecem em várias regiões do Brasil e em diferentes datas. Elas foram criadas pelos negros, no tempo da escravidão, em devoção a seus santos padroeiros: Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa ocasião, escravos e libertos pertencentes às irmandades rendiam também homenagem a seus ancestrais nobres.

Em homenagem a esses santos, executar-se antigas danças de origem africana, como o jongo (RJ, SP), o batuque de umbigada (SP) e o tambor-de-crioula (MA). As festas mais conhecidas são as de São Benedito, em Aparecida (SP), e a do Rosário, em Serro (MG).

Folguedos

Elementos fundamentais em diversas festas populares, os folguedos são apresentações que reúnem dança, música e alguma atividade teatral. A maioria deles tem sua origem relacionada a temas religiosos.

Bumba-meu-boi

Esse folguedo é encontrado em todo o Brasil e recebe nomes diferentes de acordo com a região.
Na Região Norte: boi-bumbá, a festa mais famosa acontece em Parintins (AM).
Na Região Nordeste: bumba-meu-boi.
Na Região Centro-Oeste: boi-a-serra.
Na Região Sul: em Santa Catarina, boi-de-mamão; no Rio Grande do Sul, boi-barroso.

Outros folguedos:

Caboclo: folguedos que representam danças e manobras guerreiras dos índios brasileiros.

Cavalhada: folguedo identificado com os torneios medievais. A cavalhada mais famosa é a da cidade de Pirenópolis, em Goiás.

Congada: Caracteriza a coroação de antigos reis africanos do Congo; esse folguedo tem suas origens junto aos escravos da época colonial.

A congada está ligada às festas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. É comum em Minas Gerais e no Vale do Paraíba paulista.

ambém tem variações regionais: Cacumbi (SE), Ticumbi (ES), Catumbi (SC), Moçambique (MG, SP, RS), entre outras.

As festas do ciclo natalino

O ciclo natalino das festas populares inclui várias tradições, como o bumba-meu-boi, o fandango ou marujada, o Reisado, o presépio, o pastoril e a folia de reis.

Fontes: Nereide Schilaro Santa Rosa. Festas e tradições. São Paulo: Moderna, 2001.
Almanaque Abril 2003: Brasil. São Paulo: Abril, 2004.

Região Norte

A construção e a organização do espaço geográfico no tempo
das economias colonial e primário-exportadora
Tirando uma dúvida: Região Norte ou Amazônia?

A Região Norte corresponde aos estados do Amazonas, do Pará, do Amapá, de Roraima, do Acre, de Rondônia e de Tocantins. Abrange 3.869.637 quilômetros quadrados, o que corresponde a 45,2% da área total do Brasil, que é de 8.547.403 quilômetros quadrados. Essa divisão regional é uma criação do IBGE. Além de outros fatores, essa divisão regional do Brasil existe para facilitar a coleta e a divulgação de dados estatísticos, os quais são importantes para os governos federal, estadual e municipal realizarem o planejamento social (números de escolas, postos de saúde a serem construídos etc.) e econômico (agricultura, indústria, pecuária, renda da população etc.).

Quando nos referimos à Amazônia, podemos ter três entendimentos:
• o Complexo Regional da Amazônia;
• a Amazônia Legal;
• a Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia.

O Complexo Regional da Amazônia, ou simplesmente Amazônia, fruto de uma divisão regional do território brasileiro em regiões geoeconômicas, laborada por geógrafos do IBGE. Abrange cerca de 4,8 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 56% da área total do Brasil.

A Amazônia Legal é uma divisão do território brasileiro resultante da ação governamental. Em 1966, foi criada a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, extinta em 2001), órgão federal para planejar o desenvolvimento da Amazônia. Então surgiu a seguinte questão: até onde se estende espacial ou territorialmente a Amazônia para fins de planejamento da Sudam? Para definir a área de atuação, a Sudam delimitou territorialmente um espaço, que recebe o nome de Amazônia Legal e compreende:

• a área total dos estados de Rondônia, do Acre, do Amazonas, de Roraima, do Pará, do Amapá e de Mato Grosso;

• e mais a porção oeste do meridiano 44°O, que corta o estado do Maranhão e mais a porção ao norte do paralelo 13°S, que corta o estado de Tocantins.

A Amazônia Legal não abrange apenas a área ocupada pela Floresta Amazônica. Inclui, também, áreas de transição da floresta para o cerrado e para a caatinga, no sul do Maranhão e de Tocantins. Possui uma área de praticamente 5 milhões de quilômetros quadrados (4.978.247 km2), o que corresponde a 58,4% da área total do Brasil (8.547.403 km2).

É, portanto, mais ampla que a Região Norte, que corresponde a 45,2% da área territorial do Brasil e maior que o Complexo Regional da Amazônia, que corresponde a 56% da área territorial brasileira.

A Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia abrange terras do Brasil, da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e da Guiana Francesa. Estende-se por 6,5 milhões de quilômetros quadrados. O fato comum a esse vasto espaço é a Floresta Amazônica e a grande bacia hidrográfica do Rio Amazonas.

É comum, no entanto, referir-se à Região Norte como Amazônia. Não é incorreto, desde que se saiba que a Região Norte constitui, na verdade, parte da Amazônia Legal, do Complexo Regional da Amazônia e da Amazônia Internacional.

Melhem Adas. Geografia: Construção do espaço geográfico brasileiro. São Paulo: Moderna, 2002. p. 104-105.


Seca ameaça Amazônia, diz cientista

Nenhum pesquisador fala mais da Amazônia como pulmão da Terra, só como ar-condicionado — o maior do mundo. É um serviço que a floresta presta a este pedaço do planeta, resfriando e umidificando o clima para 20 milhões de habitantes da região, mas seu motor pode literalmente queimar num futuro próximo.

O alerta partiu dos pesquisadores Paulo Moutinho e Daniel Nepstad, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Foi feitono Seminário de Consulta Biodiversidade na Amazônia, sob a coordenação do Instituto Socioambiental (ISA).

Moutinho coordenou a discussão num dos 12 grupos do seminário, o que tinha por objetivo identificar áreas prioritárias para a manutenção das “funções ecológicas” da floresta. Esses “serviços ambientais” incluem efeitos benéficos como a fixação de gás carbônico da atmosfera e a manutenção do regime de chuvas.

As áreas mais importantes estão na parte oriental da Amazônia, sobretudo no Pará. Abrangem cerca de um terço da região. Floresta queimada ou destruída libera CO2, aumentando o efeito estufa (um “cobertor” de gases, como o carbônico, que retém calor perto da superfície), e diminui a evapotranspiração, mecanismo que devolve água da floresta para a atmosfera. Esse fenômeno é responsável por grande parte da precipitação na região. Dito de outro modo: a floresta gera sua própria chuva, até 50% do total.

“O futuro climático da região depende da floresta em pé, que faz o serviço de ar-condicionado”, diz Moutinho, 37, biólogo paulista que mora há dez anos no Pará.

Ele teme que se inicie um círculo vicioso de ressecamento e megaincêndios na região, como o que assolou Roraima em 1998. Naquele desastre, 14mil km2 de floresta pegaram fogo, uma área comparável ao desmatamento de todo um ano. “A paisagem está ficando inflamável”, diz Moutinho.

Os principais fatores de ressecamento são climáticos, como as secas causadas pelo El Niño, e a exploração de madeira, que rareia a cobertura vegetal e expõe o solo à radiação solar. Qualquer um deles pode iniciar o curto-circuito que desligaria o condicionador.

Esse risco é mais forte na parte leste da Amazônia. Trata-se da região mais sujeita a secas. Também está entre as que mais sofreram a ação predatória das madeireiras e da pecuária.

Para Moutinho, incluir os serviços de áreas florestadas — inclusive as degradadas e reservas extrativistas — permite mudar o patamar do debate de prioridades. “Tira um pouco a discussão dessa história de que tem de preservar a floresta sem gente dentro”, diz. Marcelo Leite. Folha de S.Paulo. 22 set. 1999.


Disputa matou Chico Mendes

Principal incentivador da extração de borracha no Acre, Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes (morto em 1988), foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. O líder dos trabalhadores defendeu a tese de que as reservas extrativistas de látex deveriam ser definidas como áreas de propriedade da União, além do desenvolvimento de pesquisas sobre o potencial da floresta amazônica.

Mendes, que pregava o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica, criou um projeto extrativista com o Bird (Banco Mundial) [...] […] Por sua contribuição à proteção dos recursos naturais e do ambiente no Acre, foi outorgado postumamente a Chico Mendes, em 1990, o Prêmio Internacional Nações Unidas/Sasakawa do Meio Ambiente.
Uma das maiores reservas extrativistas do Acre leva hoje o seu nome.
(ADL e EDS).
Folha de S.Paulo, 12 dez. 2000.


Região Nordeste

O Nordeste é uma região marcada por graves problemas sociais (elevados índices de natalidade, de mortalidade, de analfabetismo, desemprego, emigração, saneamento, etc.) e acentuados contrastes naturais (litoral úmido e interior semi-árido) e socioeconômicos (elevada concentração de renda e de terras). Em decorrência das suas características naturais e socioeconômicas, apresenta as seguintes porções ou sub-regiões:
Zona da Mata — Área litorânea, com clima tropical quente e úmido, solos férteis (massapê) e domínio da primitiva mata atlântica (quase totalmente devastada). Presença de latifúndios e monoculturas (canade-açúcar e cacau); principal área populacional, urbana e industrial da região.
Agreste — Estreita faixa de transição entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semi-árido. Presença de médias e pequenas propriedades, policultura e pecuária leiteira. As principais cidades são: Feira de Santana (BA), Caruaru (PE), Campina Grande (PB).
Sertão — Vasto domínio de clima semi-árido com chuvas escassas e mal distribuídas, vegetação arbustiva (caatinga), solos rasos e arenosos e rios temporários. Apresenta baixa densidade demográfica e economia baseada na pecuária extensiva e na produção algodoeira.
[…]

Meio-Norte — Área formada pelos estados do Maranhão e do Piauí, marcada pelo seu caráter de transição entre a Amazônia quente e úmida (a oeste) e o Sertão semi-árido (a leste). É o domínio da mata dos cocais ou babaçuais, com economia baseada no extrativismo vegetal (babaçu) e na agropecuária (pecuária extensiva, arroz etc.).

Baseado em: Marcos de Amorim Coelho; Lygia Terra. Geografia do Brasil: espaço natural, territorial e socioeconômico brasileiro. São Paulo: Moderna, 2002.

Região Centro-Oeste
Pantanal
A Unesco reconheceu o Pantanal como uma das mais exuberantes e diversificadas reservas naturais do planeta, integrando-o ao acervo dos patrimônios da humanidade. Localizado no interior da América do Sul, o Pantanal é a maior extensão úmida contínua do planeta. Hidrograficamente, todo o Pantanal faz parte da bacia do Rio Paraguai, constituindo em uma imensa planície de áreas alagáveis. O período das cheias justifica a lenda sobre sua origem, que seria um imenso mar interior — o mar de Xaraés.

O clima é quente no verão, com temperatura média em torno de 32 °C, e frio e seco no inverno, com média em torno de 21 °C, ocorrendo ocasionalmente geadas nos meses de julho e agosto. A união de fatores, tais como o relevo, o clima e o regime hidrográfico da região favoreceram o desenvolvimento de numerosas espécies animais e vegetais que povoam abundantemente toda sua extensão. O Pantanal, entretanto, não é um só. Existem 10 tipos de pantanal na região, com características diferentes de solo, vegetação e drenagem.

São eles: Nabileque, 9,4%; Miranda, 4,6%; Aquidauana, 4,9%; Abobral,
1,6%; Nhecolândia, 17,8%; Paiaguás, 18,3%; Paraguai, 5,3%; Barão de Melgaço, 13,3%; Poconé, 12,9%; Cáceres, 11,9%. A beleza proporcionada pela paisagem pantaneira fascina pessoas de todo o mundo, fazendo com que o turismo se desenvolva em vários municípios da região. O desenvolvimento de um pensamento ambientalista e social para o Pantanal tem levado vários pesquisadores a discutir o impacto da ocupação humana nesse ecossistema. Dentre os principais problemas ambientais destacamos: a pesca predatória; a caça de jacarés; a poluição dos rios da bacia do Paraguai; os garimpos do estado de Mato Grosso e a poluição das águas pelo mercúrio; a hidrovia Paraguai-Paraná. Tais questões têm sido alvo de uma extensa discussão e algumas ações ambientais por parte dos órgãos ambientais e a comunidade têm coibido tais agressões.

Disponível em: http://www.geocities.com/RainForest/1820. Acesso em 27 jul. 2004.
A região que mais cresceu no Brasil

Nos últimos cem anos, nenhuma região cresceu tão rapidamente como o Centro-Oeste. No censo de 1872, de cada cem brasileiros, apenas dois habitavam no Centro-Oeste, situação que se manteve até 1920. Depois, em função das migrações internas, a participação da região no total da população brasileira não parou mais de aumentar. Apenas nos últimos 20 anos, a Região Norte conseguiu ultrapassar o ritmo de crescimento do Centro-Oeste, que continua grande. Das quatro unidades federativas da região, o estado de Goiás foi sempre o mais populoso, o que continuou sendo verdadeiro mesmo depois de o estado ter perdido sua porção norte, que deu origem ao estado do Tocantins. As populações de Goiás e das demais unidades federativas podem ser observadas na tabela a seguir:
IBGE. Recenseamento 2000.

População nas unidades federativas do Centro-Oeste (2000)
Distrito Federal 2.051.146
Goiás 5.003.228
Mato Grosso 2.504.353
Mato Grosso do Sul 2.078.001

No entanto, apesar de ser a mais populosa, Goiás não é a unidade com maior crescimento demográfico recente. Há cerca de 20 anos, cresciam mais rapidamente o Distrito Federal e o estado de Mato Grosso. Goiás era justamente a unidade que menos crescia. Nos últimos tempos, o aumento populacional do Distrito Federal tornou-se muito mais lento do que era antes. Ao que parece, Brasília, assim como a maioria das grandes cidades brasileiras, já deixou para trás a fase de crescimento acelerado.
Por outro lado, Mato Grosso continua experimentando um crescimento significativo de sua população, que é explicado pelo grande poder de atração exercido pelo norte do estado sobre migrantes sulistas e de outras áreas do próprio Centro-Oeste.

O esvaziamento do campo

O Centro-Oeste sempre foi conhecido por sua importância no setor agropecuário. Porém — surpresa! — quase oito em cada dez habitantes da região moram nas cidades. A urbanização regional é tão elevada que só é superada pela da região mais industrializada do Brasil, o Sudeste. Como se explica essa estranha situação?
A explosão urbana da região verificou-se especialmente a partir dos anos 60, como resultado da combinação de uma série de fatores. Um deles foi, é claro, a criação e o crescimento de Brasília. Outro, tão importante quanto esse, foi o êxodo rural provocado pela modernização do campo.
A introdução das grandes fazendas de soja e de arroz no cerrado substituiu a antiga produção agrícola familiar. A mecanização da agricultura eliminou empregos, expulsando trabalhadores para as cidades. A criação de gado em grande escala causou o mesmo efeito, pois a pecuária extensiva utiliza vastas pastagens, mas poucos empregados.
Demétrio Magnoli; José Arbex Júnior; Nelson Bacic Olic.
Conhecendo o Brasil: Região Centro-Oeste. São Paulo: Moderna, 1996. p. 37-39.

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